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Sunday, August 22, 2010

A Origem - Inception



Um dos mais fortes parâmetros que me faz sentir estar diante de um filme único, especial, é quando minha mente se sobressalta, se surpreende. Quando ocorre o fascínio, a reviravolta nos neurônios. E isto não é fácil. Depois de anos “voracidade fílmica”, acho que conheço a maioria dos clichês, das formulas e modelos utilizados para “contar uma história”, mesmo que esta se vista de “cinema de autor”, “filme de arte” e outros “rótulos originais”. Nada contra, absolutamente.


Aliás acredito que seja isto mesmo que buscamos, dependendo do nosso interesse. E por aí vai : comedia, drama, terror, suspense, romance,arte, etc. Cada um com seus desenhos, suas regras e caminhos.


A ficção é um dos gêneros mais ricos, mais abertos para se criar realidades (no presente, passado ou futuro), onde os autores estabelecem leis, culturas, ações, tecnologias, etc., que permitem os personagem vivenciar situações irreais, dentro da nossa percepção imediata de verdade. Isto cria um leque muito grande de possibilidades, que acaba abarcando desde obras legitimamente boas, até lixos totais.


Diante disto, Origem, do Christopher Nolan, é uma ficção absolutamente surpreendente em todos os melhores aspectos que fazem a diferença. Numa sexta-feira, depois de uma semana estafante no trabalho, depois de uma noite mal dormida, depois da ginástica, depois de tomar analgésicos para tratar dores de inflamação no joelho, depois de comer lanche do Macdonalds, entrei na sala escura mais dormindo do que acordado. Inclusive escolhi uma sessão dublada para não ter que me esforçar muito, já que nem força para ler as legendas eu tinha.


Eis que a sessão começa e nada de especial é mostrado. Era óbvio que a cena inicial era um sonho, e também era óbvio que as pessoas acordaram de um sonho dentro de outro sonho. Ah que surpresa !!.. O sono começou a bater. O filme continua e a trama logo muda de foco. Êpa ! ... De extrator de idéias e segredos do subconsciente, a linha agora é entrar no subconsciente de alguem para plantar uma idéia de modo que a pessoa assuma que tal idéia é legitimamente sua. Que interessante. E num estilo Tropa de Elite os invasores de mente começam sua jornada cabeça adentro da vítima.


O que se vê daí pra diante é absolutamente fantástico, uma experiência única com sonhos se desdobrando em sonhos e os guerreiros avançando sob os auspícios de Morfeus, Hipnos e outros deuses oníricos.


Fiquei chapado. Minha cabeça girava, eu me via sorrindo para a tela igual a um bocó estúpido completamente maravilhado. Dentro da lógica ilógica dos sonhos tudo se encaixava e desencaixava. Dentro de uma linha coerente, reta as coisas mudavam, transmutavam-se, perdiam e ganhavam sentido.


Com a ação ocorrendo em vários planos oníricos, os ritmos diferenciados em realidades distintas afastavam-se e unificavam-se dentro de uma incoerência verdadeira, e tudo o que se via mantinha sentido no abstrato nas nuvens de tempestade do inconsciente.


Por fim a lógica explode e nossos instintos e emoções mais primitivas tomam a frente da nossa percepção diante do que se está vivenciando, e temos que puxar lembranças e experiências dos nossos próprios sonhos para acompanhar a jornada dos personagens.


O final é magnífico, perturbador.


Sai do cinema embasbacado.


Link para comentario do Pablo Villaça (Cinema em Cena)


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