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Monday, August 16, 2010

Doris Day - A Virgem Platinada



Ontem assisiti “A Teia da Renda Negra” (Midnight Lace), um filme de 1960, dirigido por David Miller, e realizado na esteira de estouros de bilheterias que Doris Day vinha estrelando na época.

Nas produções anteriores, ela vinha detonando, principalmente em comédias , como por exemplo “Um pijama para dois”, “Viuvinha Indomavel” e, principalmente “Confidencias à meia noite” (grande sucesso em parceria com Rock Hudson).

Neste rastro do viés engraçado, Doris estava ficando cada vez mais marcada como uma comediante, o que a desagradava (parecia que o pessoal tinha esquecido sua atuação impecável em “O homem que sabia demais”). De qualquer forma, a estrela tratou de buscar um projeto, que fosse ao mesmo tempo um veículo para provar sua força dramática e também digno da sua grandeza hollywoodiana.

“A Teia” acabou sendo o projeto escolhido. Este filme visto hoje ilustra muito bem como as grandes estrelas de então eram vendidas à plebe. A cada cena, a megastar surge completamente impecável, (cabelo, roupa, jóias, maquiagem, sapatos, luvas), com montagem completa.

É um desfile de modas do início ao fim. Do capote à lingerie, tudo exala haute couture. E o cabelo merece um estudo à parte. Os penteados são incríveis, tudo muito louro, estruturado, rebuscado, arquitetônico, duro de laquê. Chiquérrima.

Bem, e o filme ? Ruim. Um “suspense” previsível, batido e realizado de forma muito melhor no passado (vide “A Meia Luz" - super clássico do George Cukor).

A personagem da Doris (Kit Preston) é o cúmulo da dondoca vazia e estúpida. O que devia ser um personagem “frágil”, na verdade revela-se uma criatura completamente idiota (deve ser efeito do excesso de fixador nas madeixas) e dependente (os homens são os salvadores, uma vez que ela é incapaz de tomar alguma atitude – a não ser fazer compras, claro). Uma vergonha para as mulheres.

E a força dramática ? Ela se assusta, chora, desmaia, desmaia, chora e se assusta do início ao fim. As cenas onde ela pira, saí da casa (ou “break down in tears” para ficar mais adequado) são constrangedoras.

E o pior é o final sem climax, numa resolução acelarada e chinfrin. Tipo arreta, arreta e cai fora.

Mas Doris é Dóris e merece reconhecimento. A carreira dela foi quase toda construída com papéis de garotas virginais, ingenuas, romanticas e engraçadas. Nada contra, mas ela acabou incorporando o estereótipo do que se esperava da mulher média na puritana sociedade americada dos anos 50. Tudo muito familia, muito higiênico, muito clean, muito cor de rosa. O protótipo do “american way of life”. Grocho Marx disse dela : “"Conheci Doris Day quando ela ainda não era virgem.", o que mostra muito bem o que ela representava.



O curioso é que Doris acabou recusando um dos grandes papéis que entraram para a história do cinema. Convidada para ser a Sra. Robinson em “A primeira noite de um homem” (The Graduate), ela recusou por achar a personagem e a história indecentes.

Anne Bancroft (grande atriz) aceitou e imortalizou a personagem da mulher madura e sedutora, que literalmente “come” o inocente Dustin Hoffman.

No autobiogáfico "Doris Day, Her Own Story” (acredito que não traduzido no Brasil), ela diz :

“O papel da Sra Robinson, em A primeira noite de homem, foi oferecido a mim, mas eu não consegui me enxergar rolando nos lençóis com um jovem com metade da minha idade. Sei que era um efeito artístico, mas ofendia meu senso de valores.

É claro que, desde então, o sexo explícito tornou-se lugar comum nas telas – tão comum que um filme é considerado novela se não mostra corpos nus circulando. Mas eu não julgo ninguem por tais cenas. Cada um sabe de si. Muitos atores gostam de se mostrar, e, obviamente, muita gente gosta de ve-los assim.. Eu não faço nem vejo este tipo de coisa. Não posso me imaginar na cama com um homem, rodeada de gente, fazendo algo que considero excitante e prazeroso, quando isto é algo totalmente privado e pessoal. Fico estarrecida com as exibições públicas nas telas de atores e atrizes que certamente possuem talento para convencer do impacto do que estão representado, sem ter que nos mostrar os últimos detalhes dos seus pêlos pubianos, seus mamilos rosas, ou como eles fazem a coisa.”

Falou, tá dito, Dóris !! --- cada um tire suas conclusões ---

Link para a diva cantado "Que sera, sera", seu maior hit

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